O ícone que aparece quando uma imagem não carrega – uma folha de papel com um círculo, um triângulo e um quadrado – foi utilizado pela primeira vez em 1994 na versão beta do navegador Netscape. Desde então, outros navegadores se apropriaram do seu design com pequenas alterações, porém quase sempre rompidos, rasgados. Outras imagens também foram testadas, como o ponto de interrogação do Safari ou a paisagem bucólica do Google Chrome, mas como iconografia fica claro: algo não está lá, está quebrado ou não é fixo.
Essas representações de imagens perdidas na rede estimularam Paulo Mendel a desenvolver www.brokenpage.com
Sem regras claras e com interface minimalista, a interação acontece como em um jogo point n’ click (apontar e clicar). A cada clique, imagens corrompidas se abrem com sons de glitch, tornando o ato de desenhar uma experiência audiovisual. Criada em um momento em que a liberdade e os direitos dos brasileiros foram postos em risco, a série se assemelha às páginas censuradas em países como a China.
Como o site salva a imagem com transparência, elas ainda podem ser sobrepostas e recriadas. As possibilidades de variantes são tantas que mesmo reproduzido ao extremo, o site ainda guarda a capacidade de gerar imagens únicas. Pode-se dizer que toda a série de desenhos já existe em programação, mas só será de fato descoberta aos poucos, com os diferentes resultados da interação das pessoas. Cabe aos outros também uma escolha final: quais as imagens devem ser salvas e impressas?